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Dra. Tielle Machado

PERFIS DE AUTISMO: A IMPORTÂNCIA DE INVESTIGAR COMORBIDADES NO TEA



Com base nas evidências disponíveis, pesquisadores propõe a identificação de perfis e subgrupos no autismo para que se ofereça um tratamento mais completo, melhore a qualidade de vida e diminua a taxa de mortalidade pela presença de doenças associadas, que são pouco investigadas e tratadas.

Temos um espectro de gravidade dos sintomas e também de comprometimento da independência e atividades de vida diária das pessoas autistas, mas infelizmente apesar de existir um ESPECTRO a maioria das pessoas autistas são diagnosticadas e “tratadas” conforme a apresentação dos sintomas sem muita investigação de causas associadas.


O importante é se ter consciência que os sintomas e os sistemas envolvidos NUNCA são caminhos ISOLADOS, mas sim expressam interações complexas que implicam na desregulação de qualquer sistema, inclusive o neurológico.



Esse artigo procurou fazer o que venho fazendo há anos: ESTRATIFICAÇÃO dos sinais, sintomas e causas somando a genética e epigenética para compor perfis de autismo.


É bem provável que a grande heterogeneidade do autismo reflita a associação de vários sistemas e peculiaridades metabólicas ÚNICAS de cada indivíduo, e para complicar a observação e classificação ainda tem a possibilidade de que esse indivíduo possa apresentar (além da dificuldade de se expressar, inclusive suas dores) múltiplas comorbidades médicas que interagem com as comorbidades comportamentais (hiperatividade, ansiedade por exemplo) e que se sobrepõe aos sintomas de autismo, o que pode dificultar a avaliação e conduta médica, pois um mesmo indivíduo pode pertencer a VÁRIOS SUBGRUPOS.


O artigo engloba 3 perfis principais:


1. Relacionados ao sistema nervoso central (em especial a presença de epilepsia)


2. Relacionados ao trato gastrointestinal (eixo cérebro-intestino, eixo Hipotálamo-Pituitária - Adrenais)


3. Inflamação e Disfunção imunológica



Diversas revisões já apontaram que a taxa de mortalidade PRECOCE em pessoas é muito maior do que a população em geral (em torno de 2x mais) e isso se deve principalmente pela evolução das complicações médicas decorrentes de comorbidades não tratadas.


Qual a importância desse tipo de revisão na prática clínica dos profissionais de saúde, para as pessoas autistas e suas famílias?


Primeiro - Oferecer ferramentas e alerta aos médicos para que no MOMENTO DO DIAGNÓSTICO essas comorbidades sejam investigadas e TRATADAS. Pois quando isso não ocorre há uma grande chance de piora do quadro geral, travamento dos sintomas, associação com doenças crônicas tendo impactos significativos no neurodesenvolvimento e na inclusão social desse paciente.


Segundo - Possibilidade da melhora da qualidade de vida para o autista e sua família, pois as comorbidades tratadas favorecem a diminuição de doenças crônicas associadas, maior expectativa de vida e maior possibilidade de inclusão na sociedade.


Terceiro - A identificação de perfis e subgrupos de autismos poderá fornecer dados relevantes à triagem e manejo através da identificação de biomarcadores, favorecendo o diagnostico precoce, tratamento precoce e principalmente: COM PRECISÃO.


Quarto - Pesquisas e tratamentos mais eficazes. Quando conseguimos identificar as semelhanças entre os grupos de estudo os resultados são mais concisos e próximos da realidade do paciente que está ali na sua frente no consultório, o tratamento também será mais preciso e os resultados consequentemente serão melhores.


Uma das disciplinas da nossa Pós-graduação é justamente como personalizar e classificar o transtorno do espectro autista em 10 grandes perfis e dezenas de subgrupos, que fazem toda a diferença para a elaboração de condutas precisas.


Sds,

Dra Tielle Machado

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📚 REFERÊNCIAS:


Tye C, Runicles AK, Whitehouse AJO and Alvares GA (2019) Characterizing the Interplay Between Autism Spectrum Disorder and Comorbid Medical Conditions: An Integrative Review. Front. Psychiatry 9:751. doi: 10.3389/fpsyt.2018.00751


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