ARTIGO DE 2021 APONTA RELAÇÃO DO GLÚTEN COM AUTISMO
"Pesquisadores fazem um revisão criteriosa de artigos científicos desde 1969 e conseguem explicar de onde vem a relação do Autismo com Glúten, Doença Celíaca e Esquizofrenia, mostrando evidências suficientes para a indicação da intervenção nutricional no TEA."
Essa revisão de 2021 traz sérios questionamentos sobre como o autismo e a relação com glúten vem sendo interpretada nas ultimas décadas.
O artigo mais antigo dessa revisão é de 1969, um estudo coorte de 65 crianças, e uma dessa crianças também tinha doença celíaca (DC), a criança foi tratada com dieta sem glúten (o tratamento para doença celíaca) e teve melhora expressiva nos sintomas de AUTISMO. A partir desse artigo, os pesquisadores ficaram com uma pulguinha atrás da orelha: a alta prevalência de doença celíaca em uma pequena amostra (1 para 65 crianças) era muito muito alta de acordo com a prevalência na população geral (1 para 3000 pessoas na época). E daí eles pensaram: “será que existem mais autistas que também tem doença celíaca?”, seguindo o questionamento: “Será que existe relação de glúten com autismo?”
A partir desses questionamentos seguiram com as pesquisas (ótimo né? Pesquisadores conhecem a hipótese nula, ouviu aí um amém?), e em 1971 em um estudo buscando correlacionar esquizofrenia COM DOENÇA CELÍACA, 2 pacientes com DC TAMBÉM ERAM AUTISTAS, e severos. As publicações sobre um assunto ficaram por anos silenciosas (arrastem para ver a foto do gráfico), somente a partir de 2015 que os pesquisadores voltaram seus olhos para a relação do glúten com autismo (tentem se inserir no contexto histórico: a zonulina, descoberta por Fasano em 2000, estava abrindo portas para os gatilhos imunológicos, com repercussões sistêmicas - inclusive cérebro - relacionados à hipermeabilidade intestinal), a DSM-V, foi publicada em 2013, muitas publicações dessa época ainda tinham como referência a versão anterior e as relações de causa e feito não tinham sido bem estabelecidas.
A conclusão de quem lê as 15 páginas dessa revisão é que no autismo precisamos considerar sintomas dentro de um conjunto de espectros, que podem levar aos mesmos sintomas de outras síndromes e/ou transtornos.
🙋🏻♀️🔹A clínica é soberana e o que eu vejo na prática clínica é uma relação bem definida entre os sintomas de autismo e desordens relacionadas ao consumo de glúten, mas o entendimento profundo de como isso acontece começa no questionamento de que o autismo é um espectro bem mais amplo do que se supunha
Agradeço a Raquel Benati pelo envio desse belíssimo artigo, e recomendo vcs a seguirem: @riosemgluten
Sds,
Dra Tielle Machado
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📚 REFERÊNCIAS:
Gluten and Autism Spectrum Disorder - Nutrients - 15 January 2021 - https://doi.org/10.3390/nu13020572
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